quinta-feira, 17 de março de 2011

"O mundo com mais mulheres tem menos guerra, menos violência e menos corrupção" Rose Marie Muraro / (Um pouco de mim)


*Quando procurei informação na rede sobre Rose Maria Muraro encontrei a quase garantida (na Wikipédia) mais uma quantas fontes na mesma linha autobiográfica, referências pessoais por vezes fortemente críticas por motivos políticos que resolvi deixar de lado, afinal não só não estou dentro das querelas internas das facções partidárias brasileiras, como menos ainda pretendia passar diferenças pessoais de opções ideológicas; pretendia sim trazer RMM enquanto pessoa, mulher, personalidade e percurso de vida e também a parte dela que toca o colectivo pelo activismo em prol da parte feminina no mundo e o seu direito à livre expressão em todos os sentidos. Como bem sabemos, isso não é ainda uma realidade plenamente conseguida.
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Encontrei muitos dos seus livros -mais do que aqui estão em link e várias entrevistas, um material sempre desejável uma vez que coloca a visada a revelar-se em primeira pessoa.
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Por isso mesmo aconselho a leitura integral desta entrevista à qual pertence o texto seguinte
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IHU On-Line - O feminismo tem a ver com a crise do masculino?
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Rose Marie Muraro - Tem. O feminismo não é o que as pessoas pensam. O feminismo é só um movimento organizado das mulheres, mais nada. Não tem nada a ver com o plano pessoal da mulher contra o homem, mas sim, da mulher contra o sistema. Em geral, as mulheres e os homens se dão muito bem. E a mulher já está questionando o machismo do homem no plano pessoal, e isso está caminhando bastante. Então, vejo uma diferença enorme dos anos 1970, quando eu comecei a militar, para cá.
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IHU On-Line - Quais as diferenças entre movimento feminista e movimento de mulheres? Como se caracteriza o movimento de mulheres como movimento social?
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Rose Marie Muraro - Existem vários movimentos de mulheres que não são feministas, que não têm a mulher como foco. Por exemplo, movimento de donas de casa, pelo meio ambiente, pela paz. Existe, inclusive, movimento de mulheres para levar cafezinho para os homens nas reuniões. No entanto, movimentos enfocando a condição da mulher, por definição, são feministas.
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IHU On-Line - Quais os pontos fundamentais na discussão sobre a questão do corpo das mulheres em função dos avanços da ciência e da tecnologia? Quais os impactos disso para a autonomia da mulher como ser social?
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Rose Marie Muraro - A grande autonomia das mulheres veio com a pílula anticoncepcional e a pílula do dia seguinte. Com isso, a mulher, pela primeira vez, em dois mil anos, desliga a sexualidade da maternidade. Este foi o grande avanço que permitiu a autonomia, o estudo e o controle do corpo. O resto é secundário. A fertilização in vitro é algo secundário diante disso. A partir da pílula e dos métodos anticoncepcionais, nos anos 1960, é que aconteceu todo o movimento de autonomização da mulher e o fato de ela se tornar o sujeito maior da história. Produção independente de filhos sempre houve depois dos anos 1960.

Fonte: http://rosemariemuraro.blogspot.com/