sexta-feira, 15 de abril de 2011

A DOR QUE DÓI MAIS


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros

2 comentários:

  1. Entretanto eu ja nao sei - se o que doi mais e ter saudades ou saudades do tempo em que se tinha saudades -avaliando bem a coisa eu ja nem sei o que tenho o que tive ou que deixei de ter - estou numa encruzilhada onde todos os caminhos me levam a lugar algum -ESTOU no alto de uma torre e nao vejo o pessoal la de baixo me acenando - as vezes bem que eu queria embarcar e ir ate ao fim do mundo onde ninguem soubesse quem sou o que faco ou deixei de fazer - Parece que estou no tempo em que olho o umbigo - de certeza abasoluta que ha milhares de criaturas em circunstancias bem piores do que eu - no entanto continuo olhando o meu umbigo - tenho esse direito -afinal e o meu umbigo -mas que e chato isso sem duvida - pois ate me canso desse umbigo - POR VEZES PENSO QUE ESTOU RONDANDO AS VIELAS DA LOUCURA - se isto e ficar louco -entaO chamem os homens das fardas brancas - ainda nao cheguei no estagio de morder -mas ja estou arranhando - POR DEUS AS MOMENTOS QUE NEM EU MESMO ME AGUENTO -AFFFFFFFFFF

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  2. Querido, isso não é loucura.
    Isso é que você esta percebendo que se abandonou para cuidar de outras pessoas e seu EU esta lhe pedindo atenção. Cuide-se, faça coisas que gosta de fazer e a muito tempo não faz. Primeiro você tem que estar bem, para depois poder dividir sua energia com os menos favorecidos. Caso contrário, isso se tornará uma bola de neve.
    Te amo, viu!
    Bjkas.

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Obrigada por sua participação.
Morena